sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Á ESPERA DO PAI NATAL

Que remédio... estou sempre à espera, principalmente das coisas em que não acredito.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

MONTANHA-RUSSA


Só posso ser muito apanhada para, às vezes, ainda me deixar apanhar pelo desânimo. Com uma vida inteira nesta vida, já devia ser veterana de guerra e de garra, com tracção às 4 rodas. Mas tal não acontece, e em vez disso, cada dia fico mais e mais inconformada. É como se tivesse acabado de ficar deficiente e por força das forças querer que me ajudem, me ponham direita, me sequem a baba, me desliguem os tremeliques, me façam funcionar como deve ser. Quanto ao andar, aí a coisa já muda de figura, e até acho que isso nem passa pela cabeça. Não, não me chamem a Israel para dar corda às sapatilhas...
Que fazer, sou mesmo anormal e com tendências a refinar!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

PALÁCIOS DAS NECESSIDADES


Tal como os anjos, os deficientes também não têm sexo. Pelo menos no que às casas de banho públicas diz respeito.

Mais uma reivindicação? Podia ser, mas não me apetece porque sei que de nada valeria.

Porém. se temos de partilhar o mesmo espaço, porquê não fazê-lo de maneira justa? Para quem nunca espreitou, fica a explicação: As sanitas são quase todas masculinas pois têm o formato de cinzeiro...

Não é por nada, mas em termos de higiene, mete-me impressão.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

UMA OPINIÃO

Vou falar de um assunto que me faz alguma confusão: O “milagre” dos tratamentos cubanos...


Muitas são as famílias que põem toda a sua fé e esperança nisso. Compreendo bem o desespero de quem faz tudo quanto é possível para sair de uma situação que, no princípio, é vivida como um pesadelo.

Há campanhas para ajudar a custear esses tratamentos que são caríssimos. O objectivo é que crianças com pc tenham uma reabilitação, possivelmente com vista a uma cura completa.

Tenho fortes razões para não acreditar em nada disto. Em criança vivi no país da América Latina onde fui submetida a métodos que creio serem muito semelhantes ao de Cuba. Esses tratamentos eram de uma violência tremenda e causaram-me um tal sofrimento que ainda hoje não consigo aceitar. Dentro de andarilho e com as pernas esticadas por quinhentas talas, fivelas e ferros, cheguei a dar alguns passos, tal como um robô. Mas essas melhoras visíveis, apagaram-se de todo com o tempo.

É muito importante encarar a verdade de frente. A PC NÃO TEM CURA! Só aceitando este facto, é que se pode partir para uma evolução positiva.

Contudo, para mim, infelizmente tudo não passa de uma grande ilusão. E afinal, correr mundo para quê? Aqui, entre nós, revelo um segredo: Temos técnicos melhores do que os melhores. Não os troco por nada... nem por uma viagem a
Varadero!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Bebés Congelados para Evitar Lesões

Acabei agora mesmo de ler no blog TETRAPLÉGICOS e no Site 100amarras a informação que aqui transcrevo e me deixou boquiaberta. Admirável mundo novo!



O bebé Cerejo, como Dinis é tratado pelas enfermeiras da Unidade de Cuidados Intensivos de Neonatologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, ficou preso ao corpo da mãe quando tentava nascer. O impasse no parto provocou uma paragem respiratória e temeu-se o pior: paralisia cerebral. Mas Dinis é um caso de sucesso da aplicação de uma nova técnica, importada do Reino Unido, que usa o frio para evitar as consequências da falta de oxigenação do cérebro.

Dinis nasceu em Abrantes, depois de uma gravidez tranquila e num parto que se perspectivava normal. Mas tudo se complicou e acabou por lhe faltar oxigénio. Transportado de ambulância para Lisboa, foi o quarto bebé a ser tratado em Portugal com hipotermia induzida. Na passada quarta-feira, foi submetido a uma ressonância magnética para comprovar a extensão dos danos. A conclusão foi que Dinis não deverá ter sequelas. "O exame não indicou lesões irreversíveis e o prognóstico é favorável", afirma Carlos Moniz, sublinhando que a confirmação só acontecerá quando o bebé completar 18 meses.

Tudo acontece porque se o oxigénio não chegar ao cérebro provoca asfixia e gera-se um quadro convulsivo, capaz de provocar lesões cerebrais que, se não forem atempadamente tratadas, podem ser irreversíveis. O recurso ao frio explica-se por reduzir o consumo energético do organismo, evitando a morte das células cerebrais.

"A hipotermia induzida prevê o arrefecimento controlado do recém-nascido até 33,5 graus durante 72 horas. Neste período, a criança será permanentemente monitorizada, verificando-se se ocorrem convulsões, que serão tratadas com a terapêutica adequada", explica Carlos Moniz. Após esta fase, e "muito lentamente", o corpo é reaquecido até 36,5 graus. Sete dias mais tarde, a criança faz uma ressonância magnética para verificar a existência de eventuais lesões cerebrais.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

À MEMÓRIA


E de repente não tenho outra vontade do que ficar calada.

Há uns bons anos atrás, perguntei tantas vezes qual a idade média de uma pessoa com pc. Mas como ninguém me levava a sério, até cheguei a acreditar que a minha questão era descabida.

Agora, quando encontro os meus antigos colegas da APC de Coimbra, é tão frequente haver mais um nome de alguém que morreu.

Até já me disseram que estou na lista. Será por ordem alfabética?

segunda-feira, 22 de março de 2010

domingo, 21 de fevereiro de 2010

EU E A MINHA CARA DE PASMADA

Falo porque não posso falar
Os outros falam porque não sentem a boca

Falam como se andassem no ar

E não tivessem outro peso além do estômago


Escrevo porque me faltam sementes de girassóis

Os outros escrevem porque são grandes

E têm respeitáveis pontos de vista

E são ponto de referência em qualquer ponto de partida


Durmo porque tenho sete dias de avanço

Em relação à semana que está por acontecer


Não guardo papéis nos bolsos

Deve ser por isso que não tenho onde me segurar

E só sei virar as mesas com os joelhos


Se pudesse trocava de mãos

E pintava as rosas de cor-de-rosa

Para que nada do que escrevo

Fizesse estrago quando cai no teclado


Se pudesse trocava de paredes

Para não ter tantas formigas na cabeça

Ou trocava de olhos e de espelhos

Para apagar as palavras que não digo

Por andar sempre de boca aberta

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O MEIO TERMO

Fiquei sem postar durante algum tempo. Isto porque quis ter alguma certeza sobre o que vou escrever. Há factos que, de tão absurdos, podem confundir e retorcer a minha maneira de ver as coisas. Não quero pensar apenas em linha recta, no entanto, sou quase obrigada pelas circunstâncias a fazer paralelismos entre aquilo que é a deficiência e aquilo que se vê e promove.

O vídeo em baixo pode ser dramático e comover até às lágrimas. A mim, tocou-me por mostrar o lado mais belo e grandioso do Ser Humano. Saber da existência desta avó e deste neto deixou-me profundamente feliz. No meio das dificuldades e da miséria em que vivem, eles mostram-nos uma abundância de afectos não muito alcançável para o comum de nós.

Em contrapartida, as reportagens e os programas que passam na TV são quase sempre extremamente optimistas e “agradáveis”... à vista. Quase como se os deficientes fossem escolhidos pela sua boa aparência. Mas tal não é possível, pois não?