quinta-feira, 24 de março de 2011

POEMA LÚDICO

Gosto de brincar com as minhas caixas vazias
E também com as sombras das minhas mãos
Que fazem desenhos de gatos nas paredes
Gosto de ouvir os alfinetes dentro das caixas vazias
E se as minhas mãos não têm gestos
É porque as luzes se apagam e as paredes ficam frias
Nunca saltei ao arco nem à corda
Só tenho jeito para abrir e fechar gavetas
E também para estragar torneiras e interruptores
As minhas palavras vazias
Estão cheias de alfinetes e de gatos
Há sombras que nunca desaparecem do chão
Que ficam como cicatrizes molhadas
E nunca se evaporam com o Sol nem com a chuva
Dentro dos meus óculos só ouço as cores do arco-íris